“ O barato sai caro”, já diz o povo e com muita razão.
Neste últimos três anos, tive o privilégio de acompanhar motivacionalmente, ou trocar simples mensagens, com centenas (se não milhares) de pessoas que queriam fazer ou fizeram cirurgias bariátricas (com todo o tipo de técnicas) e o problema transversal é a notória e quase assustadora falta de informação, desde o procedimento, à dieta, tempo de recuperação, novos hábitos alimentares e desportivos, mas, acima de tudo, de custos que vão ter para o resto da vida.
E, se há pessoas a quem este ponto não faz diferença, há outras que precisam de saber, e não é para desistirem, mas para se organizarem e terem meios para conseguir garantir que conseguem fazer face às despesas da sua nova condição.
Quais são elas, então? (pelo menos as principais):

  • Exames e acompanhamento médico especializado: fui seguido/a no público, não tenho custos e já tive alta…e quantas vezes já disseste que tens falta de acompanhamento e te sentes perdido/a, achas que ao fim de três anos já não precisas de análises? Achas que ao fim de três anos não precisas de nutricionista, de um psicólogo e de um endocrinologista? Precisas! Se não acompanhas a evolução do teu corpo vais descobrir os problemas muito tarde. Não esperes pela doença, previne-a;
  • Vitaminas e Suplementos: tema de guerra para mim. A falta de toma de vitaminas e suplementos seja por indicação médica, decisão autónoma do bariátrico ou falta de capacidade económica para fazer face a estas despesas é a causa de 99% das anemias severas, cansaço, depressão e consequente reganho de peso. E, lamento dizer, não são as vitaminas de supermercado! Quem fez uma cirurgia bariátrica não precisa das vitaminas que o comum dos mortais precisa. Precisa de pelo menos duas vezes mais. Por favor, informem-se e comparem. Se não semeiam saúde agora o futuro é de doenças tão ou mais graves que a obesidade;
  • Escolhas alimentares mais caras: comes menos, é verdade mas para comeres melhor em muitos casos vais gastar mais do que gostavas. Comida Real tende infelizmente a ser mais cara que a Comida de Plástico;
  • Desporto – sim o simples caminhar é desporto mas lamento não chega. Precisas de músculo mais do que nunca, músculo que sustente o corpo que tanta gordura perdeu, músculo que te dê energia para tudo o que vais querer fazer. Portanto a não ser que tenhas um ginásio em casa vais ter essa despesa e que deveria mesmo ser com PT porque aos anos que não fazes desporto a probabilidade de lesões é gigante!
  • Mudanca de Guarda Fatos: esta é das poucas que nos faz bem ao ego mas que é um problema real para muitas pessoas… se vais de um XXL ao M já chega para quase nada sobrar. A despesa é faseada, mas não é pequena;
  • Cirurgias Reparadoras: antes que me digam “não vou pagar, vou pelo SNS”, óptimo mas… elas não incluem cremes e creminhos, massagens e cintas etc… e, infelizmente, o Serviço Nacional de Saúde não comparticipa todas as cirurgias (por ex., no caso de obesidade não comparticipa mamoplastia de aumento ou lifting facial).
    Obviamente que os últimos dois exemplos roçam o supérfluo… sendo que ninguém pode viver despido e ter peles ao dependuro é perder qualidade de vida. Mas os três primeiros pontos não o são de todo. E peço-vos encarecidamente pela vossa saúde e essencialmente pelo vosso futuro que parem para pensar neles.

Acabo portanto como comecei, ignorar todas estas questões a curto prazo não terão provavelmente grande efeito mas recordo que nenhum de nós vai para novos e que a fatura se paga mais tarde e no caso dos bariátricos se não controlados com perigos muito maiores.
É para assustar este texto?! Não, é para apelar à consciência de quem já fez, de quem vai fazer e de quem tem obrigação de informar os pacientes que vão fazer cirurgia bariátrica.